Cada vez mais me convenço de que acreditar em Deus é praticar um estado de atenção. Se você se atenta para o que acontece em sua vida dentro de si, e na vida ao seu redor, fica absolutamente claro como Deus fala amorosamente com seus filhos em todas as oportunidades.
Os dois últimos meses têm sido bastante difíceis para mim, já que estou precisando fechar algumas portas para seguir em frente e tomar os rumos que me colocarão onde devo estar. Esse é um processo sempre doloroso; é como partir para uma longa viagem sabendo que você não vai voltar. Sempre haverá a vontade de olhar pra trás; de voltar para pegar alguma coisa que você acha que vai precisar sofridamente; de ficar mais um pouco e repensar melhor se é mesmo hora de partir; e sobretudo, já nos primeiros passos, de encarar a inevitável saudade dos momentos que foram únicos, porque você não vai mais vivê-los novamente, nem ali, nem em seu novo destino.
Mas como viajar é preciso, Deus coloca seus anjos à postos para encorajar a partida para nosso destino. No dia de hoje, minha amiga celestial de coração nobre e espírito elevado foi a Maria Silvia, a quem agradeço em eternidade, que me enviou essas palavras tão necessitadas, que tocaram fundo no meu coração.
E essa é a missão do dia, da semana, do mês, do ano, da vida: saber o momento de dizer adeus.
Segue o bálsamo:
"Encerrando Ciclos
Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?
Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é".